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Um sábado, passava pouco das 15 horas, ele voltava para casa. Para no cruzamento, logo surge na sua frente um rapaz fazendo malabares, mas foi a presença dela, sentada na calçada, que roubou seu olhar.

Usava uma sainha curta, parecida com aquelas de circo, toda colorida e que ressaltava as belas coxas. Carregava, por assim dizer, as marcas de quem passa muito tempo na rua, mas não suficiente pra impedir que um olhar apurado visse além do que se oferecia.

O rapaz se aproxima e ele, sem pensar, diz: “Mil reais pra comer ela…”

Escapa por pouco do safanão furioso do rapaz, antes de acelerar, vê o olhar espantado na moça e grita: “Pensem, amanhã eu volto…”

Pelo retrovisor vê o rapaz ainda exaltado, gestos amplos e xingamentos. A moça se aproxima para confortá-lo.

De noite, dividindo a cama simples própria do estilo de vida que adotaram, por amor, finalmente ela toca no assunto: “Mil reais é um bom dinheiro…”

Ele respira fundo, evitara o assunto, mas era impossível não pensar.

_É…

_Acho que consigo…

Ele se inquieta na cama.

_Se prostituir?

Ela resmunga algo… Não queria pensar assim.

_É só sexo… Vc sempre foi liberal qto a isto, lembra?

Ela diz num tom recriminatório, trazendo a tona coisas do passado, que causaram desconforto pra moça, mas que era não fora capaz de negar.

_Mas é diferente…

Ela não o deixa prosseguir.

_Pra vc…

Cada um se vira pra um lado, fingem dormir, inundados por pensamentos.

Manhã seguinte, caminham até a esquina em absoluto silêncio. Algumas horas e poucos trocados depois, o homem aparece e olha em silêncio pela janela. Ela se levanta, beija o rapaz e, sem dizer mais nada, entra no carro.

Uma música toca e ela cantarola baixinho. Havia se desacostumado com o conforto e chegou a sentir frio com o ar ligado. A pele se arrepia, ele percebe e abaixa o ar. Trocam os nomes, falam as amenidades básicas, e ela comenta, ao passar pela universidade, que havia abandonado o curso de psicologia alguns meses atrás.

Parecia uma eternidade e tudo parecia tão… novo. Vê a fachada do prédio, fica insegura, estava acostumada a ter a presença rejeitada, entra o elevador, vê o reflexo distorcido na porta metálica, pensa no pq dele ter feito aquilo, escolhido ela.

Fetiche? Talvez… Ela não se sentia mais atraente, não precisava, pq se sentia amada.

Mas…

Entre tantos pensamentos, de novo ser cobiçada, um pouco de conforto, banho quente e cama macia… Nem era pelos mil reais…

Ela entra no apto, aceita uma bebida que desce suavemente pela garganta. Ela sorri. Observa ele no sofá, olhos grudados nela.

_Quer começar agora?

Ela fala meio insegura, não sabia bem como agir. Ele apenas sorri e pergunta se ela não gostaria de um banho. Instintivamente ele a conduz pra zona de conforto. Ela aceita e, atendendo pedido dele, se despe ali mesmo.

As peças se amontoam e o corpo se revela. Boquiaberto com a beleza das curvas, acima das expectativas, ele se levanta, pega pela mão e vão pro banheiro. Ele mostra a ducha, regula a água, oferece pra ela todos os produtos que ela desejasse e completa: “Estarei na piscina a sua espera…”

Ela se banha, volta a sentir a pele macia, os dedos nos cabelos entrelaçados. A vida que levava era feliz, o estilo de vida de dois enamorados, sem luxo, sem desvios… O dinheiro que ganhavam permitia o suficiente, não passavam dificuldades. Em contrapartida, havia um outro lado a ser esquecido, mas que latejava em questionamentos.

Observa os pêlos, apara cuidadosamente, sabia que seu amor tb gostaria… Sai do banho, se seca, se hidrata… Passa creme nos cabelos, se penteia… Completamente nua diante do espelho. Sorri, finalmente entende o que o homem vira e agradece que ele tenha sido capaz disto.

Observa o robe pendurado, chega a segurar, mas se sentia tão confiante assim… Descarta e vai pra piscina… Os olhos dele vidrados nela, ela sorri, se senta na espreguiçadeira.

Ele nada até a borda: “Está linda…”

Ela agradece com sorriso e gestos delicados, ele vai até a escada, sai tb completamente nu. Os olhos dela o percorrem aprovando a visão. Assim que ele se aproxima, ela segura o pau já ereto.

_Parabéns, mocinho, bela peça vc tem aqui…

Ele geme e ela toma conta da cena.

Já escurecia quando ela retorna, ele olhava ansioso pela janela, demora a reconhecer a bela jovem carregada de bolsas… Abraça emocionado, as narinas preenchidas de imediato com o cheiro doce da jovem.

Ao tato, a pele macia. A voz soa suave, tranquila. Os dois se beijam. Logo estão espalhando os presentes ganhos pela cama. O dinheiro num envelope, com bônus. Aliviados, cada um por sua razão, os dois se deitam em conchinha, ela sente ele duro, mas antes que se anime mais, conserta: “Amor, estou dolorida..”

Adormecem, com mais dinheiro em poucas horas do que ele costumava angariar num mês de malabares. Algo mudaria daquele dia em diante… Ambos sabiam.